sábado, 31 de outubro de 2009

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Ontem foi dia de levar o mais velho à vacina, já que fez 5 anos há quase 1 mês.
O centro de saúde da minha área de residência não tinha enfermeira para dar a vacina, pelo que tive que ir a Oeiras. Depois de mais de uma hora à espera, num centro repleto de pessoas, barulho e confusão, lá chegou a vez do meu rebento.
Entrámos. Enquanto a enfermeira ia confirmando a base de dados, os meus filhos brincavam com uns puzzles e livros que havia na sala.
-"Que idade tem o menino?" (brusca)
-"Cinco anos." (tem o boletim de vacinas à frente, minha senhora)
-"Não tinha que vir cá hoje, tem um ano para lhe dar as vacinas." (exasperada)
-"Como?" (incrédula)
-"Não havia necessidade de cá vir, pode dar-lhe a vacina em qualquer altura." (irritada)
-"Não havia enfermeira para lhe dar a vacina no meu centro de saúde, por isso é que vim cá." (irritada)
-"Pois, mas não tinha que vir hoje." (agressiva)
-"Tirei a manhã para trazer o meu filho à vacina, não vou fazê-los faltar à escola outra vez porque não havia ninguém para lhe dar a vacina no meu centro de saúde, quando posso ter isto despachado hoje." (irritada e de braços cruzados)
-"Podia vir nas férias, não há pressa." (voltando ao ataque)
Silêncio constrangedor... (não estou a acreditar na senhora e ainda por cima não sou daquelas pessoas que têm sempre resposta pronta para qualquer situação, com muita pena minha).
Depois de uns segundos a equacionar a hipótese de pedir o livro de reclamações, lá consegui articular uma frase.
-"Desculpe, mas não posso acreditar. Deve haver pessoas que não ligam nenhuma às vacinas, deixam passar do tempo, eu venho a tempo e horas e a senhora está a dizer-me que não devia ter vindo?" (irritada e ligeiramente agressiva... mas muito ligeiramente, eu sou só peace and love)
-"Pois, só lhe estou a dizer que não havia pressa, tem um ano." (insistente e casmurra)
Já nem respondi. Deixei-a ficar com a última palavra, deixei-a levar a bicicleta, deixei-a enterrar-se na sua pequenez de espirito e respirei fundo.
O meu filho portou-se que nem um super mega ultra campeão e não esboçou um queixume, nem se mexeu enquanto levava uma injecção em cada bracinho. Surpreendem-nos todos os dias estes miúdos...

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