Durante a nossa vida cruzamo-nos, inevitavelmente, com pessoas cujo passatempo preferido é queixarem-se. Não sei se é defeito, feitio ou falta de imaginação, mas adoram queixar-se, adoram ser pessimistas e adoram ter pena delas próprias.
Algumas dessas pessoas cruzam-se connosco no universo laboral e temos de conviver com elas sem querer. Não nos apetece, mas lá temos que dizer “bom dia” e fingir que não percebemos que já estão com um ar desgraçadinho logo de manhã, quando nós ainda mal conseguimos abrir a pestana (o que nos apeteceria mesmo dizer era: por favor não fales comigo, afasta-te, vai para bem longe, não temos o mesmo comprimento de onda, és uma pessoa demasiado negativa).
Outras, não sabendo bem como isto nos foi acontecer, são nossas amigas. Apanharam-nos desprevenidos num momento de distracção e foram ficando pela nossa vida. Ou talvez nos tenham apanhado desprevenidos, sem a habitual argúcia e percepção para detectar ondas negativas num ser humano, numa altura em que o próprio Calimero andava distraído, e, momentaneamente, não se sentia assim tão Calimero.
Os eternos Calimeros que acabaram por ficar nossos amigos são aqueles que, por vezes, nos esgotam a paciência, nos fazem gastar mais dinheiro que o desejável em contas telefónicas e nos levam à beira do desespero porque nos exigem opinião, mas no fundo não querem ouvir. Não estão interessados em soluções, preferem continuar afogados em problemas. Só querem mais uma oportunidade para se queixar. O mais difícil é avaliar quando realmente o Calimero está metido num sarilho e precisa mesmo de ajuda...
Eles são a versão moderna da história do “Pedro e o Lobo”. Qualquer micro-problema assume uma dimensão igual ou superior ao conflito na Palestina, a todos os problemas no Médio Oriente ou uma investida Taliban. Quando realmente precisam de ajuda, correm o risco de nem darmos por isso.
Verdade, verdadinha. Não há paciência para a comiseração deste rebanho. Get a life!
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