Hoje, em conversa com a querida Formiga, chegámos à conclusão que há um qualquer defeito genético nos homens (que se pode juntar ao facto de nunca quererem perguntar direcções ou de não lhes passar pela cabeça mudar o rolo de papel higiénico), que os impede de conseguir encontrar coisas que estão à frente dos olhos.
Já repararam que os meninos, rapazes ou homens têm tendência para perguntar sempre onde estão as coisas que procuram, em vez de procurar convenientemente? Na realidade os homens não olham para procurar, procuram a gritar. Maria, onde é que estão as minhas cuecas pretas com o papagaio? Carlota, as minhas chaves de casa? Albertina, onde é que está o transformador da minha pedaleira? Em qualquer dos casos, estas questões são feitas alto e bom som, preferencialmente de outra divisão qualquer da casa, enquanto lavamos a loiça ou fazemos a cama. Supostamente teríamos que abandonar tudo e ajudá-los na demanda do objecto perdido, como se fosse da nossa responsabilidade saber do paradeiro das coisas deles. Mas como temos mais do que fazer gritamos também: As cuecas estão na primeira gaveta da tua mesa de cabeceira! As chaves estão no prato na estante da entrada! O transformador da pedaleira está dentro da caixa dos pedais.
E eles lá tentam encontrar o famigerado objecto, enquanto nós continuamos o que quer que seja que estamos a fazer. Se o que eles procuram não é encontrado nos três segundos seguintes, começam a ouvir-se portas de armários a bater, gavetas a serem empurradas ferozmente e caixas abertas de supetão. Mas nada. O que procuram não se encontra à mão. Já viram no sítio onde dissemos e em mais trinta, que nem sequer se aproximam remotamente do local onde supostamente está o que procuram. São capazes de procurar as chaves de casa na despensa e as cuecas na sala.
Finalmente, quando nos fartamos de ouvir berros e portas a bater, lá largamos o que estamos a fazer e vamos direitas ao local onde sabemos que está o que procuram: as cuecas com o papagaio estão mesmo na primeira gaveta da mesa de cabeceira, mas estavam debaixo das cuecas brancas. As chaves estão no prato na estante da entrada, mas com uma carta a tapar. O transformador está na tal caixa dos pedais, mas na divisória do lado.
Chego à conclusão que, como em tanta coisa na vida masculina, os nossos congéneres ficam-se pelas primeiras vistas, pelas aparências, pelo que está por cima. Ir além disso dá muito trabalho. Mas isso deixa-me com uma questão existencial: porque é que os detectives mais famosos são homens? Seriam in the closet gay guys? Fica a pergunta...
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