Há 69 dias que 33 pessoas viviam na escuridão, juntos, sozinhos com os seus pensamentos, com a sua esperança. Ver a luz do dia novamente. Ver a família novamente. Respirar ar fresco novamente.
É-me impossível conceber o que terão sido estes 69 dias para estes 33 homens, a dificuldade que devem ter tido em acreditar, ao princípio, que sairiam dali vivos. No entanto, houve várias pessoas que tentaram imaginar o que se passaria entre este homens.
Quando o acidente aconteceu, ouvi vários peritos, na rádio, na televisão, falarem sobre o stresse mental a que os mineiros estavam sujeitos, como isso ia afectar o seu relacionamento, como poderiam eclodir brigas, desacatos. Opinaram sobre a confusão que provavelmente se iria gerar quando fosse a altura de voltarem à superfície, como poderia haver brigas, discussões, cada um a querer ser o primeiro a regressar à vida.
Fiquei feliz e emocionada, hoje de manhã, quando vi o abraço do primeiro mineiro ao seu filho e mulher. As lágrimas que corriam pelo rosto da criança falavam bem da felicidade do momento, e da angústia destes 69 dias. Mas fiquei ainda mais feliz por ver que o ser humano, ao contrário do que anunciavam os arautos da desgraça, consegue unir-se na adversidade. Não foi o pior de cada homem que veio à superfície, enquanto estavam nas profundezas da terra. Acredito que foi o melhor de cada um, a humanidade, a esperança, o amor pela família, a crença em Deus, que os fez ultrapassar estes negros 69 dias. Foi o melhor de cada um que permitiu que o regresso de todos se fizesse de forma ordeira, organizada e segura. Chamem-me ingénua, mas acredito no Homem.
PS: E como o nome da cápsula foi bem escolhido.
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