sexta-feira, 24 de setembro de 2010

And now what?


Esta semana sinto-me completamente deprimida e impotente. 


O meu rebento mais velho, que faz seis anos daqui a menos de duas semanas, detesta a escola. Todos os dias é um drama para deixá-lo, um pranto que me rasga o coração e, no entanto, tenho que me fazer de forte e obrigar as mãozinhas dele a largar as minhas pernas.

A primeira semana até correu bem. Além de ter ficado na escola que escolhi, ficou numa turma cheia de amigos do infantário e tudo era novidade. 

Esta segunda semana começou com um resmungo matinal de "não quero ir para a escola", evoluiu para uma birra de "não gosto da escola" e escalou para uma telenovela de "não me deixes aqui, quero ir para casa". Ora isto tudo, dito assim, parece manha e fita. Mas venham lá dizer isso a uma mãe que olha para o seu filho lavado em lágrimas, a ser puxado para dentro da escola, com os braços esticados na sua direcção, como quem pede para ser salvo. Ontem tive que fugir, para ele não me ver chorar. 

Não estava à espera disto, já que há mais de um ano que ele ansiava pela primária. Quase todas as semanas, desde os quatro anos, me perguntava se ainda faltava muito para ir para a outra escola. Mas chegado à outra escola, descobriu que "não gosta de trabalhar". Não quer passar os dias a fazer fichas e deve ter saudades de passar o dia a pintar, ler histórias e brincar com os amigos. Digo "deve ter saudades", porque nada sei, por ele, do que se passa na escola. Perante as minhas perguntas quotidianas e, confesso, chatas, a resposta na ponta da língua é "não me lembro!".  Não se lembra do que se passou há duas horas, o menino que sabe os resultados de todos os jogos do Mundial deste ano, e que me disse hoje de manhã "não gostas desta música", enquanto começava a tocar a nova dos Scissor Sisters, porque eu lho disse há dois meses atrás. 

Sinto-me impotente, duma forma que nunca me senti antes. Quando ele fica doente, posso dar-lhe remédios, quando precisa de carinho, tem o meu colo. Mas o que fazer agora? Não posso aceder ao pedido dele, não lhe consigo tirar a angústia, nada posso fazer para que páre de chorar.

Toda a gente me diz que é normal, que é a adaptação, que vai passar. Apetece-me responder: sim, eu sei isso tudo, mas e até lá? 

PS: Engraçado, que enquanto procurava fotografias para meter neste post, sob o tópico "first day at school", só me apareciam crianças "nos trinques" todas sorridentes de pastinha às costas. Será isso o normal?

Sem comentários:

Enviar um comentário