quarta-feira, 12 de setembro de 2012
TAP
Trabalhar numa companhia em que a prioridade é o cliente e depois ter que interagir com uma companhia em que a prioridade é o trabalhador faz-me muita confusão. Não quero com isto insinuar que sou anti-sindicalista, muito pelo contrario, os trabalhadores têm que lutar pelos seus direitos e regalias. Mas quando estes direitos e regalias interferem com a qualidade do serviço prestado ao cliente, aí acho que se chega a um limite. Afinal o cliente é ou não é o sustento de um negocio? Não é o cliente que no fim do mês nos paga o salário?
Tomemos por exemplo uma empresa estatal como a TAP. No dia em que as manchetes dos jornais falavam sobre o aumento da taxa de segurança social, lia-se também que a TAP não tinha sido afectada no corte dos subsídios de ferias e de Natal. Coincidência das coincidências, nesse dia tive que viajar a trabalho num vôo da TAP. Após um atraso de uma hora e meia no embarque, após uma espera de meia hora dentro de um autocarro na placa, lá finalmente embarco no avião. A tripulação não é especialmente simpática, mas a isso já estou habituada, o que mais me surpreendeu foi o anuncio que veio minutos após a descolagem. Foi qualquer coisa do género 'caros passageiros, lamentamos informar que não será efectuado serviço de refeição devido ao facto de neste voo termos apenas tripulação mínima de segurança'. Como por acaso até tenho vários amigos tripulantes na TAP este facto não me surpreendeu, sei que ultimamente até costuma acontecer com frequência... Eu percebo perfeitamente os motivos que os levam a fazer isto mas não consigo concordar. Não consigo deixar de pensar que com estas atitudes estão a dar um tiro no próprio pé, que estão a prejudicar a companhia em que trabalham não prestando um serviço de qualidade ao passageiro. Afinal qual é a companhia de aviação que sobrevive sem passageiros? Acho que a sorte da TAP é ser uma companhia portuguesa, que tem como principal cliente o passageiro português... O português é um povo muito passivo e pouco exigente, um povo que não está habituado a queixar-se e não questiona nada. Basta olhar à minha volta neste voo de regresso a Portugal, vejo o típico emigrante português, que há anos que está longe da pátria e quando regressa só quer voar na TAP, porque assim que entra no avião já pode falar português, porque assim que entra a bordo já está um bocadinho mais perto de casa.
Não me levem a mal, não sou anti TAP. Muito pelo contrário, é uma companhia que eu quero que perdure porque nela trabalham grandes amigos meus. Mas penso que tem que haver uma grande mudança de mentalidade para que possa subsistir com sucesso após a privatização. Tem que se impor um limite às exigências dos sindicatos e começar a pensar mais na qualidade do serviço prestado ao passageiro, senão assim começam a perder clientes... É que as novas gerações de portugueses já não são tão passivas como as de antigamente e não gostam de pagar e ser mal servidos...
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