terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Our beautiful resort by the sea

Cada vez que falo sobre a hipótese de abandonar este pedaço de terra perdido no canto da Europa e ir à procura de ares mais sadios para a minha mente e futuro, há o habitual reclamar do como temos "uma qualidade de vida que os outros países da Europa invejam. Como temos um estilo de vida sem stress (desculpa, onde é que moras?). E a nossa luz, e o nosso sol e a nossa comida." Calo-me, para não ser mal educada e dizer o que é que podem fazer à luz e ao sol e à comida, mas penso cá para mim: nesse caso, o nosso querido país é um mega resort cheio de pobretões.
Basicamente, andamos todos aqui a passar férias, não é verdade? Qualquer chavão publicitário para um destino de férias parece aplicar-se a este canto do mundo. Não há dúvida que em certos sítios a capacidade de trabalho está mais condizente com a preguiça de umas férias à beira-mar plantado, do que com o bulício de um aeroporto em vésperas de Natal.
Mas eu cá não preciso só da nossa luz, preciso de ver justiça social à minha volta, não preciso só do nosso sol, preciso de ter um futuro para os meus filhos, e não preciso só de comida para o estômago, preciso de alimento para espírito. E não encontro nada disso cá.
Também gostam de me contrariar dizendo que afinal somos um país porreiro, pá! Temos tanta coisa boa, porque é que o português tem a mania de só ver o mau, denegrir o país que o viu nascer, em vez de o defender com unhas e dentes, qual leoa a defender a sua cria?
Bem, na minha modesta opinião, temos realmente algumas coisas melhores do que noutros países, mas infelizmente a rapidez com que passo na Via Verde ou os pagamentos que posso fazer no Multibanco não compensam a vergonha das "excepções" diárias aos salários dos que mais ganham, da acumulação de pensões, do aumento dos medicamentos, dos empregos milionários por cunha, da degradação do ensino, dos mediáticos casos arquivados, da impunidade generalizada, do fartar vilanagem de muita gente influente, enquanto o necessitado fica obrigado a pagar cada vez mais para este Estado consumista e ladrão.
Uma vez não me renovaram contrato, num emprego que tive, com um péssimo ambiente de trabalho graças ao terror nazi que o chefe gostava de fomentar. Rapidamente arranjei outro, e quando fui visitar as minhas antigas colegas, o meu ex-chefe, que (aparentemente) tinha mudado de opinião em relação à minha qualidade para o posto, perguntou-me se eu queria voltar. Tive a satisfação de lhe dizer que não, pois prezava bastante a minha saúde mental. Soube-me bem... Apetecia-me fazer o mesmo agora: bye, bye minha terra, prezo demais a minha sanidade mental.
Será que estou condenada a viver neste mega resort, com tanto sol e tanta luz e tanta comida, mas com tão pouco juízo?
Vá, numa nota positiva: força Portugal! Estás à beira do abismo, mais um passo e fazes kite surf, que está na moda!

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