quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Father figure

Pais... há tanto para dizer.

Ontem fui almoçar com o meu Pai. Não é coisa normal, sou muito mais ligada à minha Mãe, e poucas vezes almocei com o meu progenitor sem a minha Mãe a acompanhar. Mas ontem lá fomos partilhar a refeição do meio dia.
Encontrámo-nos em frente à Brasileira. O meu Pai é uma personagem caricata, com um metro e oitenta e cinco e uns bons cem quilos, com um ar "pachola" (palavra que ele adora) e permanentemente com o seu chapéu à Indiana Jones.
Fomos almoçar à Rosa da Rua, um dos meus restaurantes preferidos ali na zona, e que à quarta-feira tem cozido à portuguesa, pelo qual o meu Pai, bom garfo e nada nouvelle cuisine, se pela.
Enquanto subíamos a rua de São Pedro de Alcântara, lá me foi contando que saiu mal no metro, e em vez de subir para o Chiado, foi parar à Baixa. Desorientado, lá resolveu pedir indicações para o famoso café onde tínhamos marcado encontro. Mas, como teve vergonha, resolveu dirigir-se a um grupo de jovens raparigas e perguntar-lhes o caminho...
- Scusi, signorina, dove posso trovare... come si dice?... La Brasi...
Pelo que me contou, as meninas começaram logo a sorrir mal o senhor se lhes dirigiu em italiano. Afinal, que mulher resiste a essa língua dos deuses do amor? Até o Roberto Benigni a pular sobre cadeiras na entrega dos Óscares se torna irremediavelmente irresistível mal abre a boca para agradecer, e o meu Pai é um senhor charmoso. Não lhe fazia mal perder uns vinte quilos, mas isso já é outra história. Indicaram o caminho, e quando eu cheguei à Brasileira (atrasada) já ele lá estava, percorrendo o horizonte à procura do meu lindo sorriso, como ele diz.
Porque é que estou a contar isto? Porque me surpreendeu. Porque me enterneceu. Porque me fez rir. Porque acho piada que um homem de sessenta e três anos ainda fique embaraçado por perguntar o caminho.
Os Pais... há tanto para dizer. Mas às vezes, se calhar, de vez em quando, devíamos era escutar.

Sem comentários:

Enviar um comentário