Desconfio que nunca serei capaz de desenvolver qualquer apreço pelas tarefas domésticas e que nunca me transformarei numa fada do lar. Não tenho qualquer interesse ou vocação.
A honrosa excepção é a culinária, desde que não seja por obrigação , é uma experiência que exercita o olfacto , o paladar e a imaginação.
O que transforma uma empregada num bem essencial. Esses mercenários em versão fada do lar a quem eu faço uma transferência bancária mensal. Limpam, engomam e arrumam, fazem quase tudo o que não me apetece fazer, entram e saem na minha ausência. Também entortam os quadros e “escondem” as minhas coisas em lugares improváveis que devem fazer todo o sentido, mas eu não percebo qual é. Transformam a minha casa num lugar habitável sem grande esforço da minha parte.
Dividi casa durante anos e rapidamente aprendi os truques básicos de uma convivência pacífica e descontraída. A felicidade humana não depende de pormenores tais como a posição do chuveiro e da tampa da sanita (esse pormenor que parece ter um grande potencial para a discórdia passa-me totalmente ao lado ... ).
Quando a minha casa ainda se assemelhava ao cabaret da coxa e se transformava em pensão estrelinha multinacional com a chegada do Verão, não havia tempo nem espaço para pormenores desse género. Sobrava mais tempo para diversão, convívio, jantaradas e gargalhadas.
As mulheres que vivem obcecadas por casas imaculadas são chatas, profundamente aborrecidas e neuróticas. Não sei se é verdade, mas é reconfortante.
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